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Sobre o que foi o caso Hill V Waxberg?

O caso Hill v. Waxberg, decidido pela Suprema Corte dos Estados Unidos em 1936, abordou a questão de saber se uma prática religiosa de poligamia poderia ser protegida pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos. O caso envolveu duas famílias mórmons polígamas que contestaram as suas condenações por praticarem o casamento plural no Utah, um território federal onde a poligamia tinha sido proibida. O Supremo Tribunal considerou que o livre exercício da religião não isentava os indivíduos do cumprimento das leis penais geralmente aplicáveis, incluindo as que proíbem a poligamia.

Antecedentes:

No final do século 19 e início do século 20, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Igreja SUD), comumente conhecida como Igreja Mórmon, praticava a poligamia como parte de suas crenças religiosas. No entanto, o governo dos EUA começou a desafiar e processar as práticas polígamas, considerando-as uma violação das leis federais contra a bigamia. Vários líderes e seguidores mórmons enfrentaram desafios legais e processos criminais.

O caso:

Em 1931, duas famílias mórmons polígamas, William Marbury Hill e suas três esposas, e Alma A. Waxberg e suas três esposas, contestaram suas condenações por praticarem poligamia no tribunal distrital federal de Utah. Os polígamos argumentaram que as suas crenças religiosas protegiam as suas ações ao abrigo da Primeira Emenda, que garante o livre exercício da religião. Eles argumentaram que o governo estava infringindo os seus direitos religiosos ao processá-los.

Decisão da Suprema Corte:

O caso acabou chegando ao Supremo Tribunal. Numa decisão de 6-3, o Supremo Tribunal decidiu contra os polígamos. O juiz Benjamin N. Cardozo redigiu a opinião da maioria, que rejeitou o argumento de que o livre exercício da religião protegia os indivíduos de processos criminais por violarem as leis geralmente aplicáveis. O Tribunal considerou que o interesse do governo em manter a ordem social e a moral pública justificava a restrição à poligamia, apesar do seu significado religioso para certos indivíduos.

Pontos principais:

1. Livre exercício religioso: O Supremo Tribunal reconheceu a importância da liberdade religiosa e da protecção das práticas religiosas pela Primeira Emenda. No entanto, o Tribunal esclareceu que a liberdade religiosa não é absoluta e pode ser limitada quando entra em conflito com outros interesses imperiosos do Estado.

2. Interesse convincente do Estado: O Tribunal determinou que o interesse do governo em proteger a ordem social e prevenir danos à sociedade justificava a proibição da poligamia. Argumentou que a poligamia tinha potenciais impactos sociais negativos, incluindo a instabilidade social e a exploração das mulheres.

3. Hierarquia de Leis: O Supremo Tribunal estabeleceu que as leis penais de aplicação geral, como a proibição da poligamia, têm precedência sobre as práticas religiosas quando existe um conflito entre as duas. Os indivíduos não podem reivindicar isenções religiosas para escapar à responsabilidade criminal por violarem leis que são válidas e aplicáveis ​​a todos.

4. Opiniões divergentes: Três juízes discordaram da opinião da maioria. Manifestaram preocupações sobre a interferência do governo nas práticas religiosas e argumentaram que o Estado não tinha demonstrado um interesse convincente suficiente para justificar a violação da liberdade religiosa neste caso.

A decisão Hill v. Waxberg marcou uma viragem significativa no tratamento jurídico das práticas religiosas nos Estados Unidos. Estabeleceu que o livre exercício da religião não confere imunidade de processo criminal e reafirmou a autoridade do governo para regular a conduta no interesse da ordem pública, mesmo quando tal conduta tenha motivação religiosa.

Não-ficção

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