As esposas do romance "The Handmaid's Tale", de Margaret Atwood, desempenham papéis cruciais e multifacetados na opressiva sociedade totalitária de Gilead. Neste mundo distópico, onde os direitos e liberdades das mulheres são severamente restringidos, as vidas e os papéis das esposas são moldados pela estrita hierarquia social e pela busca pela manutenção do poder e do controlo. Aqui estão alguns aspectos-chave dos papéis das esposas no romance:
1.
Subserviência e Dependência: Espera-se que as esposas sejam subservientes aos seus maridos, os Comandantes. O seu papel principal é fornecer serviços domésticos e ter filhos, garantindo a continuação da classe dominante. Eles não estão autorizados a ler, escrever ou ocupar qualquer posição de poder.
2.
Gestão Doméstica: As esposas administram a casa, supervisionando as tarefas domésticas, incluindo cozinhar, limpar e criar os filhos. Espera-se que mantenham uma família piedosa e ordeira, o que reforça os valores patriarcais de Gileade.
3.
Função de reprodução: As esposas são vistas principalmente como recipientes de reprodução. Seus corpos são controlados pelo Estado e são atribuídos a Comandantes com o único propósito de gerar filhos. Se uma esposa não conseguir conceber ou produzir descendentes saudáveis, ela enfrentará graves consequências, incluindo o envio para as Colónias, onde será forçada ao trabalho manual até à morte.
4.
Guardiões da Moralidade e da Tradição: Espera-se que as esposas defendam os valores morais e as tradições de Gileade. Devem usar trajes modestos, cobrir o rosto em público e abster-se de qualquer forma de rebelião ou dissidência. Servem como aplicadores das crenças religiosas estritas e das normas sociais do regime, perpetuando a opressão das mulheres e dos indivíduos marginalizados.
5.
Cumplicidade e Colaboração: Muitas esposas são cúmplices do sistema opressivo, beneficiando dos privilégios e do estatuto concedido aos seus maridos dentro da hierarquia. Podem participar na vigilância e denúncia de desvios às regras de Gilead, contribuindo para a repressão e controlo de terceiros.
6.
Conflito Interno e Resistência: Apesar da sua posição marginalizada, algumas esposas vivenciam conflitos internos e podem nutrir sentimentos secretos de resistência. Podem questionar o regime opressivo e procurar formas de desafiar ou subverter o sistema, mesmo que o seu poder seja limitado.
7.
Poder Subversivo e Rebelião: Em alguns casos, as esposas usam a sua agência limitada para afirmar o poder de formas subtis, perturbando a ordem estabelecida. Por exemplo, podem envolver-se em actos de desafio ou formar alianças clandestinas para minar o regime.
8.
Vítimas do Sistema: As esposas também são vítimas da sociedade autoritária em que vivem, sujeitas à opressão física e emocional. São-lhes negados direitos humanos básicos, sujeitos a manipulação psicológica e vivem em constante medo de punição ou retribuição por quaisquer transgressões percebidas.
Os papéis das esposas em "The Handmaid's Tale" refletem a natureza patriarcal e opressiva da sociedade retratada no romance. Suas vidas são definidas por limitações, controle e mercantilização de seus corpos para fins reprodutivos. As suas experiências servem como uma crítica poderosa do impacto prejudicial dos regimes totalitários na autonomia, independência e humanidade das mulheres.